Podemos ver o estagiário como um antropólogo em campo. Temos que trabalhar a nossa alteridade para enxergar o que esta ocorrendo. No entanto, vivemos ao mesmo tempo aspectos semelhantes: continuamos alunos, tendo que respeitar as regras, a hierarquia, a fazer provas. Tentamos manter a distância, para compreender melhor o que ocorre na sala, a relação com o professor, os problemas que cada um traz. Tentar manter distância, mas também entendê-los a partir de nossas experiências.
Tanto quanto um antropólogo quando chega ao local que irá estudar, nós também somos considerados estranhos pelos alunos. Os alunos ficam sem saber como é a nossa relação: pode ser de insegurança, já que estamos ligados aos professores, e assim seríamos o “inimigo”, o cúmplice do professor; pode ser também uma relação de confiança, quando nos vêem como alunos que ainda somos, como o “intermediário” com o professor, alguém com quem reclamar, tirar dúvidas, não precisando utilizar da mesma formalidade como a qual se dirige ao professor. Representamos duas pessoas em uma só: o professor que deve ser respeitado, e o colega em que podem confiar.
Como estagiária tenho a impressão que estou envolvida em algo ambivalente, numa posição tanto privilegiada quanto difícil. Estamos naquele meio termo aluno-professor. Como aluno que ainda somos entendemos e compreendemos as reivindicações, comportamentos e dificuldades dos alunos, associados à escola e à relação com o professor. No entanto, como futuros educadores podemos observar também o “outro lado” e começamos a compreender o comportamento dos professores que, como estudantes, ainda tantas vezes criticamos.
Maria Letícia/PIBID
Nenhum comentário:
Postar um comentário