segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Banco de arquivos do PIBID/CS UEL

O PIBID de Ciências Sociais UEL conta agora com um banco de arquivos pelo site 4Shared. Nele poderão ser encontrados arquivos que estejam relacionados com o projeto.


Inauguramos este espaço de livre acesso com textos concedidos por nossas professoras colaboradoras Prof.ª Dra. Maria José de Rezende e Prof.ª Dra. Elena Andrei. 

Aceitamos também pedidos e sugestões das leitoras e leitores do blog.

Bruno Ueno/PIBID

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

o Estágio e o PIBID

            Podemos ver o estagiário como um antropólogo em campo. Temos que trabalhar a nossa alteridade para enxergar o que esta ocorrendo. No entanto, vivemos ao mesmo tempo aspectos semelhantes: continuamos alunos, tendo que respeitar as regras, a hierarquia, a fazer provas. Tentamos manter a distância, para compreender melhor o que ocorre na sala, a relação com o professor, os problemas que cada um traz. Tentar manter distância, mas também entendê-los a partir de nossas experiências.
Tanto quanto um antropólogo quando chega ao local que irá estudar, nós também somos considerados estranhos pelos alunos. Os alunos ficam sem saber como é a nossa relação: pode ser de insegurança, já que estamos ligados aos professores, e assim seríamos o “inimigo”, o cúmplice do professor; pode ser também uma relação de confiança, quando nos vêem como alunos que ainda somos, como o “intermediário” com o professor, alguém com quem reclamar, tirar dúvidas, não precisando utilizar da mesma formalidade como a qual se dirige ao professor. Representamos duas pessoas em uma só: o professor que deve ser respeitado, e o colega em que podem confiar.
            Como estagiária tenho a impressão que estou envolvida em algo ambivalente, numa posição tanto privilegiada quanto difícil.  Estamos naquele meio termo aluno-professor. Como aluno que ainda somos entendemos e compreendemos as reivindicações, comportamentos e dificuldades dos alunos, associados à escola e à relação com o professor. No entanto, como futuros educadores podemos observar também o “outro lado” e começamos a compreender o comportamento dos professores que, como estudantes, ainda tantas vezes criticamos.

Maria Letícia/PIBID

Como é Ser Uma Estagiária do PIBID

Ser Estagiária no Colégio Aplicação é fácil e difícil ao mesmo tempo, mas o que realmente é, “é gratificante”. Nas primeiras visitas nós os estagiários somos vistos como o diferente o estranho e até mesmo o “forasteiro”, mas esta reação é perfeitamente compreensível, pois “aquelas  salas de aula não são mais o nosso lugar”. Mas aos poucos o que era diferente (estranho) se torna igual (familiar), os alunos passaram a nos reconhecer como parte da sala (escola) e a nos procurar para esclarecer dúvidas e preocupações com o vestibular.
Acho isso maravilhoso, estar presente e participando desta fase da vida deles me remete as minhas antigas dúvidas e preocupações; “e quando acabar o que eu vou fazer?”.
Vivenciar o ambiente escolar como estagiário é uma experiência incrível, pois esta vantagem nos permite vivenciar o ambiente escolar não mais como “o aluno” e ainda não como “o professor”, mas sim como o “observador”, que detém certo contato com o educador,  mas que ao mesmo tempo não perdeu os laços com os alunos. Em vários momentos da observação me sinto como uma estudante de ensino médio, por que estou revivendo o meu passado e que o mesmo ainda é muito presente. Além de que nos faz pensar, que ainda há tanto para aprender!
Fazer parte do Projeto PIBID, para mim não é apenas observar, mas sim abrir meus horizontes com os professores que já tem uma vasta experiência, sempre procurar ser uma profissional melhor, preocupada com os alunos buscando sempre inovar no aprendizado. E, principalmente, motivar os alunos para o estudo, e que o mesmo se torne para eles uma necessidade pela busca de conhecimento. Este é o meu objetivo para com o PIBID.
Os professores orientadores inclusive a professora Edna, que tenho mais contato são excelentes tanto com os alunos como para com os estagiários, todo o corpo discente do Colégio Aplicação é bem receptivo com os alunos estagiários; isso faz com que durante as observações tenhamos mais confiança em nós mesmos, pois ser estagiário ainda é algo novo para mim.


Poliana/PIBID

Primeiras impressões Colégio CEEP Castaldi

Fui aluna do Colégio Castaldi do ano de 2003 até 2006, na condição de aluna, acredito que a minha visão sobre o colégio e os estudos não se diferenciava da grande maioria dos alunos que hoje frequentam aquela escola. Gostava muito de ir ao colégio, mas poucas vezes ia realmente para estudar, na época participei de alguns projetos de música que havia lá, e isso era um grande incentivo, não havia avaliação, mas aprendíamos sobre teoria musical; os projetos, gincanas e concursos que aconteciam na escola faziam com que todos permanecessem dentro dela. Lembro-me que lá havia também concurso para “miss Castaldi”, e varias apresentações musicais que ainda hoje acontecem.
Como aluna gostava de participar dessas modalidades, mas não sabia exatamente qual a finalidade.  Hoje com uma visão mais ampla do significado do que é escola compreendo a importância desses projetos, que ajudam o aluno a se desenvolver e a participar ativamente dentro do ambiente escolar.
Como estagiária do PIBID vejo de perto o esforço dos professores, esse esforço que muitas vezes é invisível ao aluno, muito se tem tentado fazer para que não haja evasão dentro da escola, existe realmente uma preocupação pessoal do professor em relação ao aluno e desenvolve um papel muito importante no que diz respeito à sociedade como um todo.
Antigamente a estrutura do colégio era bem diferente, com outros professores que ministravam as aulas. Pela manhã sempre teve um numero maior de alunos desde a época em que eu estava lá; ao contrario de hoje, não tínhamos quadra com cobertura e pouco era o acesso às alas novas e que agora comportam os cursos técnicos.
O colégio é conhecido por ofertar cursos profissionalizantes, no inicio recebeu o nome de PREMEM. Seria muito importante recuperar essa história por meio de um projeto de memória sobre o Castaldi.
Estou tendo a oportunidade de acompanhar o crescimento do colégio e vejo a persistência de todos os professores e funcionários que tentam dar o melhor em suas aulas e também desenvolver projetos, cursos, palestras que fazem o Colégio Castaldi ser tão inovador no que diz respeito à educação dos jovens.

Luana/PIBID

Primeiras Impressões do Colégio de Aplicação da UEL

Em mais um dia de estágio, a espera da professora, impossível não se perder em pensamentos que me levam para longe e ao mesmo tempo tão perto.
Após três anos o Colégio de Aplicação da UEL, que muito se parece com a escola onde me formei no interior de São Paulo, todas as semanas me faz retornar à rotina escolar, porém com outro papel, outros olhares. Em cada aula tenho aprendido um pouco mais e me deparado com várias realidades, muitos comportamentos para a mesma sala, uma mesma sala com inúmeros significados.
Entrar em sala de aula, me aproximar dos alunos, dos funcionários tem sido o primeiro exercício para eu possa identificá-los, conhecê-los e para que eles também possam me reconhecer e me aceitar enquanto membro da comunidade escolar, afinal mais do que uma estagiária que acompanha as aulas de Sociologia, estou lá convivendo, dividindo um espaço e construindo laços.  Relações sociais que se estabelecem e valorização de todos os sujeitos, cuja maior finalidade é a cooperação, desenvolver aprendizados e crescimento para ambos os lados.
Durante essa atividade de identificação, semana após semana, barreiras têm sido transpostas e oportunidades estão sendo aproveitadas e criadas para nossa aproximação com os alunos, para o desenvolvimento de nosso projeto e  seus objetivos de formação inicial de docentes, assim como contribua com o colégio, o que já tem despontado pela melhor integração que estamos tendo no ambiente escolar, pela procura dos alunos para retirar dúvidas, pelas oficinas aplicadas, pelo envolvimento dos estudantes na busca de fotos para a produção da memória do teatro da escola, pelo acesso e reconhecimento da procura, da monitoria, da curiosidade e também do crescimento.
As carteiras, o sinal, o giz, o quadro, tudo permanece igual!
Já fui chamada de “professora”, de “estagiária”, “universitária”, “moça” e até mesmo confundida como aluna, e essa pluralidade de contextos, nessa adaptação ao “chão da escola”, sou eu quem realmente tem mudado. Antes eu respondia chamada, agora eu a acompanho, antes eu levava meu caderno para o professor, agora eu auxilio a professora a corrigir, antes eu vestia um uniforme e pedia orientação, agora eu dou orientação e entro em sala com um crachá que não mais me denomina como aluna, embora eu ainda seja.
Considero que todas as quintas feiras durante as aulas da professora Edna ou em qualquer canto do Colégio, nós vivenciamos a Sociologia, enquanto construção de elos e infindáveis teias sociais que fazem a escola ser o que é, um campo de movimento, de vidas e sonhos.

Franciele/PIBID

Ultrapassando as Barreiras do Estranhamento

 A experiência no "chão da escola" tem sido bem produtiva. Os diários de campo que antes se limitavam a uma única folha, com o relato das atividades, agora se estende por várias, permeadas de comentários e impressões. Queria só resumir algumas atividades e impressões por hora.

Denise/Doulgas/Luana realizaram um trabalho impressionante, creio que já recebeu. Quanto a mim e Ana Cláudia, o período da manhã costuma ser "quente". São muitos alunos e muitos professores o que potencializa os momentos de observação e diminui as intervenções diretas. Estamos tendo um contato próximo com alguns docentes que estão nos auxiliando no trabalho de análise dos comportamentos sociais no colégio. Destaco a Prof.ª Janaína (Informática), o Prof.º João Júlio (Ed. Física), o Prof.º João Geraldo (Ed. Física) e o Prof.º Eder (Filosofia). 

Nesta sexta-feira, por exemplo, houve até uma espécie de sobrecarga de informações, já que fomos conhecer (ficamos uns 10 minutos) numa das salas mais problemáticas do colégio (1º Mecatrônica) através da Prof.ª Janaína, que estava antecipando a aula. Percebemos que realmente é uma tarefa complicada controlar uma sala com maioria masculina (apenas uma menina) com muitos problemas individuais/sociais aglutinados. Todavia, eles nos receberam bem! Tem inclusive um transexual na sala, que provavelmente teremos que “afunilar o olhar”, pois tem sido constante alvo de bullying  no ambiente escolar. Aliás, a questão da sexualidade  é temática fundamental para ser discutida e aprofundada. O Prof.º Eder enfatizou muito esta necessidade dos alunos, que não é atendida nem parcialmente. Creio que para temas como esse necessitaríamos de um profissional especializado, um psicólogo que direcionasse a discussão. O que contribuiria para nossas discussões sociológicas acerca das diferenças.

A Prof.ª Vani, que nos acompanha em todos estes eventos nos auxilia com sua inegável experiência no “chão da escola”  e com uma sensibilidade que muitos docentes com sua experiência já perderam. Se sentem cansados depois de tantos anos trabalhando e preferem salas "tranquilas". 

Por fim, sobre a Semana Cultural. Nesta sexta uma das chapas que está concorrendo para a APP foi até à escola, durante o intervalo dos  professores,  para discutir as propostas. Um momento para avaliar como estão as relações políticas do sindicato e entre os sindicatos, tendo em vista que esta chapa é a favor da gestão atual. Tirando a tensão causada pelos embates professores x chapa (em questões como: APP-CUT, saúde, sindicato x associação), aproveitamos para conversar com um Prof.º de Sociologia da chapa. Ele nos informou bastante sobre os ciganos, tema que estamos tendo dificuldade em encontrar especialistas, ou mesmo casas/áreas ocupadas pelos mesmos, a fim de subsidiarmos as atividades do grupo da Gincana Cultural encarregado de abordar essa cultura e grupo.

A "cultura cigana" (é até difícil denominar dessa maneira) certamente será um ponto importante deste trabalho na Gincana! Dos poucos relatos que já obtivemos, é um caso de “liminaridade” não apenas em relação aos locais que ocupam, mas também em relação à sua relação com a "sociedade moderna", já que enquanto grupo não possuem uma nação e nem pertencem a uma etnia.


Bruno Ueno/ PIBID

O Ambiente Escolar Enquanto Espaço dos Fenômenos Sociais

Da série de experiências tidas através dos contatos com o espaço escolar – que, apesar de ser uma unidade específica de ensino, poderia por seu alto grau de complexidade ser chamado “universo” – resulta em um conjunto de sensações que se revelam ambíguas.
Em primeiro lugar, parte dessas sensações evoca nossa memória, abrange sentimentos de familiaridade com o espaço em si (e somente com este), produzindo um estado de espírito ligeiramente similar ao pertencimento. No entanto, a observação e a interação dentro deste espaço nos trazem um segundo momento, em que as impressões sensoriais próprias da alteridade nos ocorrem.
Então percebemos que de alguma maneira e por fatores variados, o afastamento necessário à objetividade da pesquisa, ou pelo menos parte dele, já está configurado. Quem pertence a determinado espaço pensa conhecê-lo, e por isso poderíamos transferir pré-noções aos resultados de nossos estudos e observações.


Compreender as especificidades da instituição de ensino é fundamental para o direcionamento eficaz dos trabalhos do PIBID de Ciências Sociais da UEL, e neste sentido o método antropológico de observação tem sido um grande aliado. Através dele nos despimos daquilo que pensamos saber sobre a organização e funcionamento da escola ou sobre os padrões de relacionamento nela existentes.
As observações feitas através deste método nos levam a um gradual conhecimento de aspectos bastante específicos do colégio, sem ocasionar perda ou prejudicar o objetivo principal deste projeto. Pelo contrário, este caminho de ingresso tem permitido pensar o papel do educador diante dos inúmeros desafios do processo educativo, revelando que o docente deve tornar-se sensível às demandas específicas de cada ambiente em que trabalha.
Caberá ao educador adequar seus instrumentos e meios de ação levando em consideração essas especificidades e desenvolver sua criatividade metodológica para transpor as barreiras que se colocam.
O trabalho de inserção que vem sido desenvolvido pelo grupo PIBID de Ciências Sociais, mais especificamente o grupo de bolsistas do Colégio Castaldi parte deste pressuposto de que devemos conhecer primeiramente aspectos relevantes de nosso campo de trabalho.
Nosso maior enfoque está na observação dos principais problemas manifestos na realidade cotidiana do colégio, ou seja, naquilo que chamamos “demandas específicas” e pertencem predominantemente à esfera das relações sociais. Pretendemos direcionar nosso trabalho para atenção destas demandas.
Os dados coletados até o presente momento levantaram demandas que perpassam categorias tão variadas que seria possível afirmar uma similitude entre a visão obtida até o momento e uma imagem caleidoscópica. É essa variedade que abre um leque de possibilidades para o estudo, a análise e intervenção, pois cria a possibilidade do comprometimento de todas as subáreas de pesquisa de nosso projeto e aplicação dos conhecimentos das três grandes áreas das Ciências Sociais (Sociologia. Antropologia e Ciência Política).
Há outro produto de nossas atividades em campo que penso ser muito positivo, e que, além disso, demonstra estar em contínua progressão. Trata-se do bom relacionamento com os professores do colégio. Estar em observação de todo o conjunto de relações existentes dentro da escola corresponde a registrar sobre as ligações existentes entre os diferentes grupos (alunos, professores, funcionários e toda equipe pedagógica) e nos grupos internamente.
A observação das relações e o próprio convívio com os docentes têm possibilitado um bom nível de integração com professores das mais variadas áreas de ensino. Muitos deles estão sempre dialogando conosco de modo receptivo e nos transmitindo parte de seus conhecimentos e experiências com o ensino. Estamos percebendo a variedade de disposição e de comportamento dos profissionais da educação diante dos desafios, obstáculos e demandas.
Não se pode desprezar o fato de que iniciar nossas atividades dentro do colégio traz suas dificuldades. Nós bolsistas somos o elemento novo dentro de nosso campo. Acredito que as dificuldades que provém do “estranhamento” estão sendo atenuadas no que diz respeito ao relacionamento com os docentes.
O desafio que nos espera é ainda maior: vencer essa mesma barreira que estamos quebrando, mas desta vez no relacionamento com os alunos. Os caminhos desta tarefa já estão sendo discutidos e pensados, e temos como oportunidade de interação os eventos realizados no Colégio com os quais nos comprometemos (como a Gincana Cultural, por exemplo).
A realização das observações, os registros em diário de campo, a articulação de metodologias e as pesquisas empreendidas são exercícios feitos a partir da análise do real, e nisto consiste para mim a maior satisfação que até o momento tive por fazer parte do PIBID/Ciências Sociais: o nível de realidade dos estudos.
Estes mesmos exercícios de pesquisa e utilização de métodos só haviam sido feitos no ambiente acadêmico, de modo muito teórico. A aplicação dos conhecimentos da Sociologia, Antropologia e Ciência Política, num contexto real, têm proporcionado estudos empíricos e transformado o conhecimento teórico em práxis.
Nós das Ciências Sociais não podemos dentro deste ambiente escolar nos identificar apenas com o espaço do ensino da Sociologia enquanto disciplina. A perspectiva do cientista social vai para além desta visão. A Escola é espaço da manifestação dos fenômenos sociais, talvez ela seja a instituição que mais nos forneça elementos e objetos de estudo propriamente sociais. Pode ser esta a possível contribuição específica do docente de nossa área para o âmbito do ensino e, provavelmente, essa capacidade de análise dos fenômenos dentro da escola o diferencia dos demais professores.


Ana Cláudia/ PIBID 

Little London

Professora Ana Cleide, colaboradora do PIBID, compôs a letra e a música desse vídeo que pode subsidiar atividades didático-pedagógicas acerca das temáticas: patrimônio cultural, memória, identidade e história.